Série "Crônicas de Guerra"
A Prostituta
Japonesa
Estava
num cabaré, onde todas as prostitutas eram asiáticas. Praticamente todos os
homens que estavam ali eram do exército norte-americano. Eu bebia muito e
observava as mulheres. Foi quando eu fixei os olhos numa das prostitutas e vi
nela uma japonesa e não como a maioria dali, nativos (Não sei em que país
estava. Os nativos eram asiáticos, mas não japoneses. Japoneses eram os
inimigos). Não sei dizer o que nela denunciou, mas eu tinha certeza absoluta de
que ela era japonesa. Portanto era inimiga.
Tirei
o meu revólver da cintura e mirei a arma para a cabeça dela, agarrando-a e
prendendo-a contra a parede. Comecei a gritar, ordenando para ela:
–
Confesse que é japonesa! – enquanto a empurrava, batendo-a contra a parede.
Ela
começou a chorar forte. Todos meus colegas pararam com as brincadeiras, vendo o
que eu fazia. Opuseram-se, discutindo comigo, chamando-me de louco, pedindo
para eu parar de ameaçar a moça. Alguns colegas meus não conseguiam distinguir
os nativos dos japoneses, entretanto eu conseguia. Eu continuei, com certeza
absoluta do que falava. E por um triz não atirei na cabeça dela, pois vontade
não me faltava.
Aproximou-se
de nós então a cafetina, uma senhora asiática muito idosa e pequena (tinha mais
de sessenta anos), tentando me fazer parar.
– Por
favor, meu jovem, deixe a garota em paz!
Eu
olhei para a cafetina e disse, colocando a arma no queixo da garota prostituta:
–
Confesse que ela é japonesa se não eu estouro a cabeça dela – ordenei.
Vendo
o que eu falava sério e ficando totalmente assustada diante a minha ameaça, a
cafetina disse:
– Ela
realmente é japonesa! Mas, por favor, não faça nada com ela, solte-a. Ela veio
aqui e implorou trabalho – confessou. – Mora a anos aqui.
Todos
que estavam ali se calaram, houve um imenso silêncio, dando-me razão. Eu
desencostei a arma da garota e a empurrei. O Major Welt se aproximou de nós,
olhando para mim, para a garota e para a cafetina.
– Se
ela é japonesa, teremos que nos retirar daqui – disse o major. – Soldados
americanos não podem ser cliente de japoneses. Eles são nossos inimigos.
A
cafetina disse para ele:
– Calma,
major! Desse momento em diante, essa mulher não mais trabalha aqui – o major
sacudiu a cabeça, concordando. – Deixe seus homens aqui, por favor!
E eu
me afastei. Apesar de ter sido rude e violento, sei o que me passava pela
cabeça todo o tempo. Aquela mulher podia muito bem ser uma espiã japonesa.
Qualquer homem diz muitas coisas na cama. Ela poderia tirar informações
secretas de qualquer um de nós e passar para os japoneses. Era por isso que eu
havia ficado tão louco. E não tenho certeza que a maioria compreendeu os meus
motivos. Mas os oficiais, com certeza entenderam.
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