domingo, 22 de abril de 2018

Conto


Tina e Yang juntas dormindo em meu sofá.

 Miados da Vida

            Quero contar aqui a história verdadeira de duas de minhas gatas. Começarei pela Yang. Meus pais compraram um casal de gatos Himalaia, e deram o nome de Ying e Yang. Porque eles gostavam de dormir agrupados, um com a cabecinha no traseiro do outro, lembrando muito o símbolo Ying e Yang. O nome Ying foi dado para a fêmea e Yang, para o macho. Com o passar do tempo, descobriu-se que o macho não era macho. Yang também era uma gatinha. Yang sempre foi xucra e recatada, enquanto que a Ying era mansa e exibida. Acabou a Ying sendo roubada e nós ficamos apenas com a Yang.
             Bom, Yang cresceu e virou uma linda gata. Nós tínhamos outro gato macho siamês, ao qual se chamava Grafite. Como era de esperar, Grafite e Yang se apaixonaram e tiveram um amor intenso. O que resultou em uma gravidez. Quando Yang estava grávida, caiu da cadeira onde dormia, o que acarretou o início do trabalho de parto. Sofreu por 24 horas, ganhando seis bebês que nasceram mortos. Só então levamos ao hospital veterinário, onde ela ganhou mais dois, que sobreviveram. Contudo ela acabou sendo castrada, por ter risco de morte se ela tivesse outra gravidez.
             Como uma mãe carinhosa, Yang cuidava de seus dois bebês com muito zelo. Todavia, mais uma tragédia aconteceu na vida da gatinha. A nossa cadela pastor alemã Sacha entrou em casa e matou um dos gatinhos. Sobrou apenas um. Esse levou o nome de Pluft, por que era branco como um fantasma (o fantasminha, lembram?).
             Enquanto Yang cuidava de Pluft, o Grafite saía pela vizinhança a ter outros casos amorosos extras-conjugais. E conheceu a gata preta vira-lata Caca, da vizinha. E Caca teve cinco gatinhos, mestiços a siamês. Eles eram estranhos, pois tinham característica de siamês ao mesmo tempo não. Eram de um cinza mais escuro, como “cor de burro quando foge”. O Grafite volta e meia ia visitar Caca e era muito amoroso com ela. Caca algumas vezes esteve no meu pátio e encontrou a Yang e as duas brigaram feio.
             Quando os gatinhos já estavam em tamanho para a adoção, eu quis adotar uma gatinha filha da Caca. Ela era a mais linda da ninhada e eu a levei pra viver lá em casa, com a Yang, Pluft e o pai Grafite. Essa gatinha eu dei o nome de Tina. Logo que a Yang encontrou a Tina, foi uma rejeição total, ela a detestava. Já Grafite era um pai aparentemente carinhoso, e Pluft a adorou. Os dois brincavam sempre juntos.
             Tina e Pluft cresceram e viraram namorados. Tina foi mudando de cor e ficou preta como a mãe e angorá. Yang agia como se soubesse que ela era filha da amante de seu marido, e elas estavam sempre brigando. Mesmo depois que Tina teve filhotes filhos de Pluft, ainda com mais características de siamês, Yang não a aceitava. E... engraçado... o Grafite nunca quis nada com a Tina, como se soubesse que ela era sua filha.
              Com o passar do tempo, Grafite desapareceu. Não se sabe se foi embora, se foi adotado por outra família, ou se morreu por aí. E Pluft foi envenenado e morreu no hospital veterinário.
             A Yang morreu de velha em 2006 e a Tina morreu na madrugada de 21 de abril de 2018, também de velha. A velha Yang, com mais de 10 anos, amoleceu o coração e acabou aceitando a Tina. Elas passaram a adormir juntas (uma enrolada a outra) e repartirem a comida. Às vezes a Tina chegava carente e encostava a cabeça na Yang. E a Yang começava então a lambê-la, lavando o rosto da Tina a moda gatos. E era tão carinhoso e lindo o momento... Entre madrasta e enteada passou a existir apenas amor. Ah... Elas eram lindas.

(Cláudia Elisabeth Ramos - estou republicando esse texto 
em homenagem a Tina, que morreu nessa madrugada. Estou muito triste por isso.)

Esse gatinho é muito parecido com a Tina. 
Não tenho foto dele sozinha.

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