sexta-feira, 8 de julho de 2016

Aniversário de meu pai Juarez




           Quero falar aqui é de uma pessoa especial. Como qualquer um, tinha seus defeitos. Mas não quero falar deles, só quero pensar nas coisas boas que fazíamos juntos.  Uma destas coisas boas era quando tomávamos chimarrão ao final da tarde, sentados no pátio, vendo a movimentação da rua. Falávamos de coisas banais, de filmes, do tempo e outras sem importância.
           Também me lembro de quando era pequena e sentávamos diante do “toca disco” a ouvir ópera. Tínhamos a ópera completa “A Serva Patrona” com libreto com a letra e ficávamos a cantar, eu fazendo o soprano e ele, o tenor.  Ríamos muito, pois nenhum de nós cantava bem. Naquela época nem no coral eu estava, mas já conseguia atingir os agudos com facilidades.
           Ainda com a música, quando criança ele gostava de tocar acordeom. Tocava de ouvido. Eu nunca gostei muito desse instrumento, mas cresci dormindo ao som da música dele. Depois quando mais velha, ele teve que vender o acordeom para comprar comida. Eu tentei comprar outro pra ele, mas acabei comprando um estragado e todo comido por cupins que não saía som nenhum. Depois eu comprei para mim um teclado eletrônico que passou a ser tocado mais por ele do que por mim.
           Lembro-me dos trabalhos manuais dele. Ele era muito talentoso, tinha uma grande criatividade que eu sei que herdei dele. Tinha mãos de elfo (não direi de fadas, pois pega mal para ele).  Trabalhos com a madeira era a sua especialidade. Fazia de tudo: brinquedos, móveis e utensílios. Sem falar de como cuidava do pátio e do jardim da casa. Ele deixava tudo em perfeita ordem.
           Outra coisa que me recordo é quando ele estava já com seus 60 anos, e eu tinha que ajudá-lo nos serviços de casa. Eu detestava. A maior parte era serviço de homem e, mesmo eu sendo mulher, tinha que fazê-lo. Eu fazia mais em consideração e respeito do que por vontade. Era cortar a grama, ajudá-lo a arrumar a eletricidade da casa, arrumar janela, motor de carro e etc. Entretanto, agradeço hoje tudo que aprendi com ele. Foram coisas que a maioria das mulheres não fazem, pois eram serviços de “homem”.
           Eu teria muito pra falar dele, já que ele fez parte de minha vida desde que nasci. Hoje ele estaria fazendo aniversário, se estivesse vivo. No dia 30 de setembro de 2005 ele nos deixou e foi para a nossa morada espiritual. Um câncer nos pulmões o ceifou. Ele era o meu pai. Seu nome era Juarez Inácio Ramos. Ele foi e será o homem mais importante de minha vida.  E aqui, agora, faço uma homenagem a ele.

           Pai, eu te amo! De tua filha, Cláudia.