Amor entre inimigos
Diante minha frente
De joelhos ele ficou
Não queria ser coerente
E com ódio gritou:
- “Oh, morte!
Oh, dor!
Por que não tive sorte
E não tive teu amor?
Meus olhos choram por ti,
Mas és tão fria.
Eu devia saber o erro que cometi.;
Enquanto te amava, tu rias.
Sei que tu não sabias.
Agora sabes muito bem.
Sou um inimigo que te queria,
Mas sabia que não devia também.
Tu, uma guerreira
Forte como sua espada de aço
Derrubava minhas tropas em derradeira
E lançava-se diante delas como um laço.
Diante deste espaço
Te vejo como luz.
Sei que serei despedaçado
Por este caminho que conduz.
Minhas tropas
Nunca souberam
Só pensaram em batalhas
Inimiga, assim te couberam.
Oh, morte!
Oh, dor!
Por que não fui forte
E sonhei com teu calor?”
Nele, os olhos ficaram encharcados.
Eu não sabia o que dizer.
Todos ficaram calados
Esperando ordená-lo para morrer
Queria chorar,
Mas eu tinha meu orgulho.
Tinha fama de ser brava
E não permitia embrulhos.
Gritei com astúcia,
Mesmo me auto-renegando:
- “Matem-no, dele provém calúnias.
Tirem a sua cabeça, cortando!”
Levaram-no ao arrasto,
Ele gritava com dor
Iria ao carrasco
E seria morto por seu próprio amor.
Ele dizia tristemente
E em lágrimas a lançar;
Não queria acreditar na mente
E descobrir o que for amar:
- “Oh, morte!
Oh, dor!
Por que arranjei um inimigo
Como meu amor?”
Segundos depois,
Um grito agonizante.
Acabara de morrer
Meu inimigo amante.
Isolei-me então
Queria pensar.
Odiava-me e dizia: “Não, como pode matar
A quem veio te amar?”
Então acusei-me
E pensei na minha história
Gostava tanto dele
Que havia perdido a memória
Desde o primeiro momento
Ele brilhou para mim.
Meu coração entrou em movimento
E me fez feliz assim.
O achava tão forte
Tinha punhos como sua espada de aço
Era o mais belo do norte
E dava noz nos meus laços.
Incrível, o amei
Mesmo assim deixei se ajoelhar
E também o matei
Por me amar.
Oh, morte!
Oh, dor!
Por que não tive sorte
E não soube de teu amor?
Odeio a mim mesma
De guerreira brava
Passei a ser uma lesma
Porque matei quem amava.
Oh, morte!
Oh, dor!
Por que não vivemos no norte
Unindo nosso amor?
Agora, o que me resta?
Uma espada de aço
Uma batalha como esta
E a tua ausência sem seu abraço
Não passei vergonha diante dos meus
Mas amei o inimigo meu
Odiei o meu eu
E perdi o amor meu
Oh, morte!
Oh, dor!
Quero ir contigo
E ter teu amor!
Quero morrer
Matei meu amor
Sozinha, estarei com ele
Juntos somando nosso valor.
Agora, com a espada na mão
Enfiarei em minhas entranhas.
Não sofrerá meu coração
E não serei mais estranha
Oh, morte!
Oh, dor!
Nestes dois inimigos
Agora só existe amor.
(Cláudia Elisabeth Ramos)