segunda-feira, 11 de julho de 2022

Crônicas

 Série "Crônicas de Guerra"


O Campo de Prisioneiros

 

Corria no meio da tropa ao encontro do coronel Lander. Estava afobado e ansioso. Cheguei diante a ele, no meio da tropa, chamando-o:

– Coronel! Senhor, venha comigo até Flores. Rápido!

Ele seguiu comigo sem perguntar nada. No caminho, enquanto atravessava em meio à tropa, dizia para ele:

– Flores avistou algo estranho pelo binóculo.

Chegamos num local mais afastado, numa rua larga, onde estava Flores, Joshua e Johnson. Estávamos dentro de uma cidade destruída, mas havia uma pequena mata que subia um morro a nossa frente, mas distante. Ao ver o coronel comigo, Flores sinalizou para ele se aproximar. Apontou uma direção a nossa frente, no meio da mata.

– Senhor, veja com o binóculo no canto esquerdo e no direito – apontou para onde via no morro.

O coronel Lander olhou para o lado esquerdo e viu algo. Depois olhou para o direito e também viu. Voltou-se para trás e gritou:

– Major Welt! Venha cá!

Enquanto ele fazia isso, passou para mim o binóculo. Olhei por ele e vi a ponta de duas torres feitas de madeira. Depois abaixei o binóculo e fiquei na expectativa.

Chegando o major, o coronel ordenou:

– Olhe no binóculo para lá – apontando para uma direção.

Passei o binóculo para o major e ele olhou no binóculo. Disse surpreso:

– São torres! É estranho! Estão próximas da cidade, ou até dentro.

– Pode ser uma base inimiga – supôs o coronel.

– Pode ser! Mas não temos nenhuma informação de algo naquela direção. Pelo que sei, só há uma universidade.

– Vamos verificar! – decidiu o coronel.

Depois deu um tapa cordial nas costas de Flores e disse:

– Parabéns, Flores! – Olhou a nós quatro e ordenou: – Se preparem para avançar. – Gritou para a tropa: – Vamos seguindo na cidade, naquele sentido, – mostrou a mata – mas com cuidado.

Eu repassei a ordem como sargento, gritando para todos mexerem-se.

Chegamos à mata, passamos por ela. Fomos espalhados, prontos para o ataque. Porém não houve confronto. Até que chegamos num ponto em que o coronel ordenou para que parássemos, ficando no fim da mata. Todos aguardaram. Parei ao lado do coronel e do major.

Víamos que ali havia uma entrada com portões altos e um grande prédio. O local era altamente cercado por arame farpado, com torres feitas de madeira e vários barracões, destoando com o prédio ao centro. Parecia que tinha sido feita depois, sobre a universidade. Não parecia uma base. Eu olhei e perguntei ao coronel:

– O que é isso, senhor?

– Não sei! – sussurrou. – Mas pelo jeito que está protegido, parece uma prisão, ou um campo de prisioneiros japonês.

Flagrei-me imediatamente que os prisioneiros deveriam ser soldados americanos e aliados. O coronel logo disse para o major:

– Vamos atacar e libertar seja lá quem estiver aí dentro. – Ordenou-me: – Sargento, mande os homens dividirem-se e atacarem primeiro as torres. Devem usar bazucas e morteiros – repassei a ordem. – Agora! Ao ataque!

Atacamos com força total. Os soldados japoneses das torres revidaram, tentando nos impedir de avanças, mas nós estávamos em grande número e o ataque foi grande. Lentamente fomos invadindo, derrotando as torres primeiramente como o coronel ordenara. Tiros de morteiros e bazucas tornaram aquele campo um verdadeiro inferno.

Conseguimos logo entrar pelos portões, arrombando-os. E assim fomos entrando. Quando eu estava no meio do campo, mais afastado do coronel Lander, parei e vi quando saíram de dentro os prisioneiros. Tinha muitos norte-americanos, mas eram a maioria nossos aliados: britânicos, canadenses e australianos.

Ao ver uns oficiais britânicos se aproximando do coronel, Flores parou ao meu lado e chamou-me a atenção:

– Irving, são britânicos! – Perguntou-me, rindo: – Não está contente de encontrar compatriotas, irlandês?

E eu sorri, percebendo a brincadeira dele.