Por que amor?
Por que me sinto assim?
Por que não consigo ti esquecer?
Por que ter disse sim?
Por que tenho medo de te perder?
Por que me tocaste assim?
Por que me sinto estranha?
Por que entraste tão de repente?
Por que atingiste minhas entranhas?
Por que me olhaste daquele jeito?
Por que me disseste aquelas palavras?
Por que incendeias meu peito?
Por que disseste que me amas?
Por que fazes eu tremer?
Por que sinto saudades de ti?
Por que me sinto confusa?
Por que só penso em ti?
Por quê? Procuro a resposta.
Não entendo o que sinto
Não sei se o que dizes é verdade
Mas, te digo: “Eu não minto!”
Não tenho nenhuma resposta,
Talvez não goste tanto de mim,
E por tanto podes fazer uma aposta
Que mesmo sentindo isso, não serás meu fim!
Cláudia Elisabeth Ramos
Às vezes
Penso em tocar em estrelas...
Hoje me lembrei
Que eu as toco quase sempre,
Sempre desde que as encontrei...
Meu olhar tocas as estrelas...
Devo agradecer a Deus
Por cada momento que tenho
Cada vez que as toco com os meus
Sinto a energia viva e desenho
Com o olhar, toca as estrelas...
Ás vezes
Vejo nuvens que as cobrem
Vejo a chuva, o vento, o nada,
A brisa e o frio parecem escondê-las
Mas estou realizada,
Pois com o olhar, toco em estrelas...
Cada pequeno brilho...
Aliás, são grandes.
Abraçam-me e reluzem
Por mais pequenos que sejam meus olhos
Elas seguem-me, não se escondem...
Obrigado, senhor,
Por tê-las,
E com meu olhar
Tocar em estrelas.
(essa poesia está na orelha do livro "Oklath - Os Sete poderes de Órtil)
Pelos que choram
Pelos que choram
Pela fome,
Pelo cansaço,
Pelo medo,
Pelo aço...
Pelos que choram,
Pela guerra,
Pela Vida,
Pela Terra,
Por uma saída...
Pelos que choram,
Pelo velho,
Pelo moço,
Pelas lágrimas
Pelo povo...
Pelos que choram,
Pelo vento
Pelo mar,
Pelo lamento
Ou, talvez, por amar...
Pelos que choram
A cada instante
Por cada glória
De um verso cantado
Por um momento distante
Por estar chorando...
Cláudia Elisabeth Ramos
Soaram as horas
Silêncio profundo
Procuro onde moras
Nos confins do mundo
Ditas as nuvens
Saem do tempo
Choro porque não vens
Neste momento
A cidade está escura
Vejo um homem de preto
Ele me pergunta: - O que procuras?
Diga-me, não tenhas medo.
Senti-me acuada
Pensei se devia dizer
Fiquei por momentos calada
Com pouco tempo para viver
Sorte de jogo duro
Vem da verdade que me constrói
Se lhe disser esbarro num muro
Além do mar me destrói
Mas venço estas muralhas
E digo com vigor
“Procuro o rei de minhas batalhas,
Dono do meu amor!”
Tardiamente um vento empurra-o longe
Sinto minha alma forte
Há um vulto de um monge
Não tenho medo da morte
Calma e sombria
Olho nos seus olhos ardentes
Um sorriso largo feliz
Serrando os meus dentes
Achei você, mas está tão distante
Quero lhe alcançar logo e, mesmo assim,
Tenho medo de seguir adiante
Paro, penso e espero enfim
Dias a te procurar
Tenho força e medo do amor
Caio a te curar
Não és minha dor
Descobri que és o nada
Meu sorriso vira ódio e digo:
“Não preciso ser amada,
Tenho uma força comigo!”
O monge achou estranho,
Senti que estremeceu,
Diminuiu de tamanho
Percebeu que não venceu.
Acuado lembrou-se
Sabia por que não queria amar
Gritou que ecoou:
“Não tenhas medo do que vai dar!”
Mas eu senti a luz
Respondi com confiança:
“Não quero sofrer novamente
Nesta vida sem esperança.
Calei-me e corri
Tinha muito em minha mente
Tinha que levantar
A minha alma clemente.
Um espírito de luta
Iluminou-me por instantes
Havia uma palavra oculta
Que me protegia bem antes
Esta palavra na noite
Dominou-me numa tremenda angústia
Era como um açoite
Nesta neblina, lamúria
Silencioso tempo mau
Que me destrói por dentro
É como um buraco
No meu peito, no centro
Parei, pensei, chorei...
“Estou confusa, que desespero!”
Gritei, magoei e ocultei
Esse meu medo.
Não quero encontrar ninguém
Nem mais falar em amor
Só pensar na minha vida no bem
E esquecer a dor.
Sinto fantasmas me seguindo
Gritos que somente eu escuto
No vento que vem vindo
No ser o que não mais procuro
Sou forte
Estou de bem com a vida
Esqueço a morte
E tudo que esta convida
Procuro que as horas
Corram com rapidez e beleza
Mas depressa do que mim mesma
Com graça e leveza
Não quero mais ouvir ofensas
Nem mais ameaças
Agora é meu suspiro: venças
Com toda tua graça
Não quero música triste
Nem mais ver ninguém lamentando
Estou cansada, chorei de mais
Agora estou cantando
Vejo a aurora chegar
Largo um suspiro longo
Graças a Deus, esqueci de amar
Neste mundo redondo
Agora é minha vez
Deixo tudo pra trás
Tenho comigo Deus
E encontrei a paz.
Cláudia Elisabeth Ramos
Dividida
Entre o bem e l
Entre a luz e a escuridão
Entre o positivo e o negativo
Entre a amizade e a solidão
Dividida estou
As escolhas a mim pertencem
Entretanto é tão difícil
quando muitos sentem
Sentimentos ambíguos
Determinam para onde ir
Às vezes pro lado errado
Decidi-se seguir
Ninguém quer ser dado ao mal
Bonzinho se quer ser chamado
Mas as escolhas nos dominam tal
Principalmente quando mal-amado...
(Cláudia Elisabeth Ramos)
Quase sempre
Não vemos mais ninguém
Só pensamos em nós mesmos
E nada mais além
Voamos para dentro
do ego profundo eu
egoísmo é que dizem
o seu e o meu
Difícil é o próximo ver
passarmos a vida inteira
Só nós mesmos é o que importa
O resto é besteira
Egoístas somos nós
Por mais que se diga não
E por isso estamos sós
em nosso próprio coração.
(Cláudia Elisabeth Ramos)
Caminhos do Ser
Voando
Minha alma desliza
Vai além dos horizontes
Tudo realiza
Sonhando
Minha vida pode ver
Vai além do infinito
Tudo pode ter
Tentando
Meus obstáculos pular
Vai além da luta
Tudo a ultrapassar
Realizando
Meus sonhos forma tomam
Vai além da vontade
E todos amam
Cláudia Elisabeth Ramos
O nosso mal
Somos todos bruxos
Todos levados ao mal
Dependentes dos luxos
Do prazer carnal.
Somos cruéis e impiedosos,
Esnobes e egoístas,
Endoidecidos, ambiciosos,
Vingativos, exclusivistas
Julgamo-nos sempre bons,
Maus os outros é que são
Não percebemos nosso mal
No fundo do coração.
As religiões nos controlam
Para não nos autodestruirmos,
Mostram o que é o bem
Para sempre evoluirmos
Mas como abafar o mal
Que se esconde o nosso bem,
Se até o ego ancestral
Consumiu-se no além?
(Cláudia Elisabeth Ramos)
Viver pra quê?
Pra sofrer uma nova vida
Pra morrer uma nova esperança
Pra correr numa nova linha
Pra quê?
Viver pra quê?
Pra ver e sentir
Pra ouvir e ficar calado
Pra falar e ficar cego
Pra quê?
Viver pra quê?
Se no passo da humanidade
Se no universo dos mortais
O mundo é tão pequeno
Pra quê?
Viver pra quê?
Pra sentir o ódio
Pra sentir amor
Pra ver a morte em cada coração de dor
Pra quê?
Viver pra quê?
Pra ver o sangue na mente
Pra se banhar a alma de sangue
Pra falar da morte sem temer
Pra sentir na pele a crueldade de viver!
Cláudia Elisabeth Ramos
Ver-te
Solitário ver-te
Num grande reverso
Ainda tocar-te
Na rima do verso
Assim infinito
Seu tocar
És tão bonito
Que só quero mirar
E... te amar...
Cláudia Elisabeth Ramos
Paz e Amor
Tempo...
Em algum Lugar
Sendo
Uma luz no ar
Lutando
Pelo verbo amar
Conseguindo
Somente odiar
Tentando
Viver e estar
Causando
Brigas no lar
Ajudando
Ao mal-estar
Querendo
O bem preservar
Judiando
O coração a acusar
Chorando
Os lábios a sorrir
Sorrindo
O coração a lagrimar
Gritando
Para não partir
Sentindo
A dor de ter
o ódio de se querer
a morte com prazer...
E vivendo com rancor
acabando
A só ter dor
E gritando para o alto
Querendo
Paz e amor!
(Cláudia Elisabeth Ramos)
Eu quero PAZ...
Soneto do Vazio
Coisas vazias,
Ocas e para preencher
Nada cabia
Só proceder...
Sim, proceder...
Atitudes enchem vazios
Consolam a alma
E corações vadios.
Agir faz a mente ocupada,
Tudo fica perfeito,
Parado nada se conta,
Só o sujeito.
Trato feito estranho
De maneira própria sua
De coisas que ganho
Andando pela rua
Preenchendo espaços
Vistos na Lua.
Cláudia Elisabeth Ramos
Obscuro
Noite eterna no leito,
Escuridão do abismo
No coração, no peito.
Cruéis criaturas,
Peçonhentas e maléficas,
Vistas nas literaturas.
Que preenche minhas noites
Ausência de tua essência
Pior que açoites.
A alma é que sente,
Espaço infinito,
Saudade presente.
Nada
é como me veem
Muda
é como me ouvem
Silêncio
é o ruído que faço
Inexistente
assim existo
Eu sou
o vazio
o nulo
o nada
FANTASIA
Num sonho sem fim,
entre anjos, seres místicos,
fadas e serafins,
tudo a ir a procurar
o reencontro será mágico sim.
Ah, amar... nos faz sonhar
Fantasia para mim
Felicidade? Creio que sim!
A felicidade é uma fantasia
que camufla a verdade
cobre tudo com os raios do dia
E só se vê bondade.
Na fantasia do amor
há a felicidade de sonhar
na realidade da saudade
por querer voltar a te amar...
Reluzia
Reluzente
Na Luz
num momento de brincadeira no trabalho
com o nome de uma das fornecedoras, a Dona Luzia.)
senti o ar,
joguei para longe
o verbo amar
vivi nas ilusões
esquei do mar
e dos corações.
sem sentir que perdia,
deixando de lado
o brilho do dia
O irmão sem amor,
a mãe na amargura
sentindo dor.
perdido nas ideias do caminho,
Perdi meu canto
e senti-me sem carinho
mas amor não tinha.
Tinha tudo o que queria, menos amor,
a culpa é minha.
que notava o dia
Rezava para o santo
sem saber o que queria.
e pedi a Deus explicação
queria saber o porquê
da dor no coração.
com clareza e vida:
- Esquece o caminho
e encontrou-se sem saída.
que cura o coração.
Você precisa muito
sentir essa emoção."
É a força do pensar.
Tem no rosto um tchã...
que você sente no ar."
se o procurar
estará sempre contigo,
tirando-o das escondidas..."
que te criou.
É o carinho
de alguém que contigo gritou."
Quem é?"
- Eu não sei - respondi. -
Que homem é?
teu pai.
Com elel não precisará gritar
mais Ai!
Semente de amor,
neste teu dia
esqueci a dor
e por me amar tanto.
Desculpe as entrelinhas
e por te esquecer num canto.
Esse poema foi publicado no Jornal Correio Rural - no dia 15/08/86
em Viamão - RS )
Vendo o sol raiar
vendo a vida passar.
vendo uma pessoa chorar
A ver o meu próprio andar
Cansada de caminhar
Eu
Eu
Estou atirado pelo mundo
Abandonado pela fé
Arrazado e ofendido
por todos meus amigos.
Preguiçoso, vagabundo,
é como me chamam no mundo.
Sonhador, lunático
é o lema que dizem
que eu levo nas costas.
Abandonado e perdido
pela sabedoria e inocência
das pessoas que vêem
um sonhador pela vida.
Quer ser astro, diretor,
produtor e escritor,
sente fome de vida...
É o que dizem
os meus entes
mais queridos.
Não sei se o que sindo
é mais forte do que
uma facada nas costas.
Tenho medo, mas sei que tem
tem milhares como eu,
que depois de sofrer e morrer
foram conhecidos,
gênios e heróis,
todos sonhadores!
Mas eu, vou subir com vida,
E mostrar a todos
que querer é poder
Vou juntar sonhadores,
pobres e imundos,
juntarei mais dinheiro e,
sem perceber,
serei algo mais...
Mostrarei para todos
que a vida com um destino
não existe sem sonhador.
Que todos compreendam
a quem sonha
e deixem viver como quer...
SENDO APENAS...
UM SONHADOR!
Cláudia Elisabeth Ramos
Só
Vi-me andando na escuridão.
Uma alma apenas.
Só meus passos pelo chão,
na memória de penas.
Só lembranças de uma paixão,
De azar, açoites e dor.
Dominada pelo coração
Invadido de amor.
Surgem vultos a me procurar
Só meus passos a seguir.
Não sei onde vou parar,
mas procuro prosseguir.
Quero ver na escuridão,
Teu sorriso de amor.
Todo martírio da paixão
Na alma de um sonhador.
Passos fortes na negritude
Somente eu a continuar.
É difícil mudar de atitude.
Só você irei amar.
Vejo-me ainda caminhando
Sem sonhar com nada mais.
Estarei sempre te amando,
Sempre, sempre, só demais.
Cair sem parar E sentir a escuridão, Não mais esperar O que manda o coração. Pisar no chão do nada, Lutar com meu espírito, Iludir-se em ficar calada. Perto do que evito. Obscuro muro, Que rebate à mim sua luz. Contraste de caminho puro, Vai-te voz que me seduz. Crosta grossa, Filho das pedras rochosas, Tende em mim sua graça De um espelho, das amorosas. Sentir cair o manto escuro De uma música, o lugar... Pedir, procurar... Óh! Sussurro... Dos bons gênios a me ajudar. Selvagem luta eufórica De um remoto de voz mansa Caçar as coisas de forma heróica no ego obscuro da esperança. Tempo, o templo do meu eu... Cálice da luz que esparrama. O candelabro que ilumina meu eu quebrou quando procura quem ama. Sal. doce azedo perverso de que sentimento me proporciona? Sotaque suave expresso Nas palavras reais que me posiciona. Salamandras de cristais, bonecos, Cabisbaixos, moribundos, só mudos, Dão silencio aos barulhos do eco Do tempo, em pó em canudos. Ursos de olhos profundos, De canela de barros, só árduo, Marcos de ruínas, peludos, Ao vento, fogo fátuo. Voar, perfume da luz escura do rosa Cortinas de paredes em fiapos abatida, Do pó das palavras, da prosa, Do corpo coberto de feridas. Caindo no abismo do meu ego, O obscuro é severo e torto, Das maranhadas do passado que pago Na luz da mim mesmo, morto.
A voz que conduz este medo
pelo semelhante jeito.
Despertar o coração
Esquecer do carinho.
As vozes gritam na imagem
Demonstram as lutas de quem quis viver
Porém perdeu a coragem
E acabou por se destruir, morrer.
Não querer descer na subida
E notar que não há lugar para um morto.
Meus olhos castanhos esverdeados
Não mostram meu dolorido coração
Nem se pode imaginar o tamanho
Do que foi destruído junto a ilusão.
Só por elas é que escrevo, esculpo e desenho
E mostro minha realidade.
O meu corpo rechochudo nesse espelho
Demonstra curvas volumosas nada escondidas
São talentos que ocupam esse corpo velho
Escondidos por muitas feridas.
Os estalos dos passos sumiram
Restou apenas o som do arrastar.
O passar do tempo
É o que vejo no espelho quebrado
Embaciado e sujo
Por minha imagem rachado.
Multiplica-me em partes
Assustando-me por fluir.
Rachaduras são as feridas
Do íntimo fechado
Do meu ego esquecido
Num espelho quebrado.
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