sábado, 29 de setembro de 2018

Poesia


A Separação
                               (18 de Junho de 1982)

A Separação é uma coisa triste
que vem de dentro do coração.
A separação acaba com a triste esperança
De ter alguém contigo,
             ...tanto pessoa quanto animal.

Pois o que vou contar aqui
É a triste história de uma animal
Muito amado amigo meu
Que me deu um golpe fatal.

Não, ele não me mordeu,
A vida foi dura com ele.
Teve pouco tempo conosco
E eu muita saudade dele.

Um cãozinho preto, peludo,
Com crespas e longas orelhas
Fofo, docê, carinhoso, Veludo
Tão lindo como ovelhas

Veio a mim por meus tios
Presente de Haidèe e Donaldo
De raça Cocker Spaniel
Há muito esperado.

Ele era esperto,
Brincalhão e agitado.
Beliscava meu irmão mais novo
Que ria com o danado.

Mas um dia, de repente
Parou de comer
Tristeza no olhar dele e no meu
e um médico o foi ver.

Doença que vinha do ventre
Ainda da mãe ele tinha
Tentamos curar com remédios
Mas como não tinha.

Num sábado aconteceu
Senti a separação
A dor foi cruel em meu peito
Sufoquei meu coração

Apenas um bebê de 4 meses
um cão que era pura vida
Encontrei-o na escada
Deixou sua melhor amiga

Chorei muito, ainda choro.
Atirado, estirado, morto no chão,
partira meu melhor amigo
Dono de meu coração.

Cláudia Elisabeth Ramos


sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Dicas Caninas


Você sabia?


Eu e Justin. / Foto de Tania Ines Volpatto Ramos.



Os cães são companheiros dos humanos 
a mais de 12 mil anos.


segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Crônica


Sítio da Família Lima. / Foto de Cláudia Elisabeth Ramos


O Riacho

          Em alguma cidade existe um riacho. Pode ser na sua cidade ou não, na de um conhecido, ou de um desconhecido. Quem olha pra ele pensa: "Que nojento, esse Riacho!" Sua água é marrom, tem espumas sobre ela, tem sacos de plástico sobre e no seu fundo, tem garrafas pets boiando, tem pneus, tem até um sofá velho... "Deviam acabar com ele".
          Me disseram que um dia ele foi lindo, que até tomavam banho nele, em suas águas cristalinas. Que mulheres lavavam roupas nele. Disseram que dava pra beber de sua água.
          Hoje não tem como. Há diversas casas construídas sobre ele, com suas latrinas para ele. Afora isso, há os canos do esgoto da cidade que terminam nele. Dizem que é para seguir o fluxo das águas.
E tem os canos da fábrica que larga sua água azul dentro dele.  Não se sabe por que é azul.
        Um ecologista vai dizer que não se deve jogar lixo no riacho, que nem as mulheres deviam um dia ter lavado roupas nele, nem tomado banho. E que aqueles moradores tinham que tirar suas casas dali, que na primeira cheia do riacho, vão ter suas casa destruídas. A fábrica não podia largar seus dejetos assim, tinha que tratá-los.
        Mas eu vejo ainda pessoas trazendo lixo e largando ali. O Riacho não tem mais jeito, está morto, não tem mais peixe nele. Ouvi uma pessoa dizer que encontrou uma rã de três pernas, e um ecologista disse que ela foi gerada graças a poluição.
       Poluição no Riacho... Isso não devia ser prioridade para os políticos? Pessoas dizem que não. O que tem que ser prioridade é a situação financeira, segurança, a saúde e a educação. Ninguém precisa de um velho Riacho Morto. Então os políticos deveriam pelo menos cuidar do que o povo acha importante.
      As pessoas só lembrarão do Riacho quando não houver mais água potável. Se pelo menos o povo tivesse educação para não jogar tanto lixo nele, se tivesse condições financeiras para não precisar morar ali, se os proprietários das fábricas tivessem consciência da saúde que estão prejudicando. Só assim ninguém mais se preocuparia com a segurança. Todos estariam seguros.
          MORAL: PROTEJAM AS ÁGUAS ANTES QUE SEJA TARDE.

(Texto de Cláudia Elisabeth Ramos, escrito na 8.ª Série do 1.º Grau)




Sítio da Família Lima. / Foto de Cláudia Elisabeth Ramos


terça-feira, 31 de julho de 2018

Poesia



No Turbilhão Eterno da Noite

           Talvez ver a noite com força
           para continuar no profundo turbilhão
           Gemer a ressentir palavras
           E gritar rompendo o coração

                     Queria ele ser como ela
                     Tão escura que esconde a guerra
                     Não ter medo do que há dentro dela
                     Imerso nas trevas encobrindo a terra

            Mal sonho que traduz o pavor
            No negro das visões do caminho
            Tentando segurar a dor, só de ter amor
            Tirando espinhos da alma sozinho!

Cláudia Elisabeth Ramos   



                                                                       

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Desenho



Esse desenho foi feito por Cláudia Elisabeth Ramos no Paint, copiando outra ilustração parecida da internet.

sábado, 30 de junho de 2018

Crônica





Comunicação e o Poder – Palavra de criança

Moro em uma casinha do BNH. Não sei muito bem o que significa esse nome, mas sei que o homem da televisão falou que havia sido extinto. Mesmo assim, papai vive reclamando do preço de nossa casa. Não me importo muito com isso, passo o dia vendo televisão quando não estou na escola. Mamãe fica zangada e diz que gasto muita luz. Manda-me ler “Gibi”. Até que é bom. Principalmente os da Disney, os daquele cara que fez a Disneylândia. À vezes brinco disso. Pego os meus heróis da TV e dos “Gibis” e brinco. Sou o Milionário excêntrico: o “Tio Patinhas”. Moro numa imensa caixa forte e não dou um tostão a ninguém. Também gosto de ser o He-man, mas daí eu prefiro brincar com os brinquedos da “Estrela”, do He-man e de sua turma. Eu ganhei eles no natal depois de ter passado de o ano na escola.
A mana não gosta de brincar, gosta muito de ler a revista “Júlia” e a “Love Story”. Não perde a “Horóscopo Capricho”.
Mamãe gosta da “Casa Cláudia” e da “Contigo”. E papai , não sei direito, acho que não gosta de ler revista. Vejo ele só lendo jornal. Todos os dias consegue o jornal do vizinho emprestado e lê, até na TV ele não perde um “Jornal Nacional”.
O mano mais velho desapareceu, foi ser como aquele moço da “rádio novela” que foi preso. Ele vivia com muitas “Gatas”, lia muito aquela revista de mulher pelada, a “Playboy”. Se drogou, não sei o que é isso, porém na TV diz para nós dizermos “DROGA NÃO”. Deve ser algo muito ruim. Papai o chamou de preguiçoso. Disse que ele virou um “marginal”. Eu o vi estes dia com um cartaz nas mãos fazendo protesto, reclamando sobre uma coisa. Que guri besta, mesmo! Eu sei que ele está louco para tomar uma limonada e deixar tudo ali como está, eu vi no desenho da TV quando o Pato Donald fez o mesmo.
Papai acha que tudo que é greve é ilegal. Disse que no “Jornal Nacional” que quem está fazendo greve está reclamando de “barriga cheia”. Tinham um ótimo salário e trabalhavam pouco. Papai trabalha muito mais e ganha menos e, mesmo assim, não faz greve.
A mana vive cantarolando aquelas músicas das rádios e imitando aquelas palavras estranhas. É “uer guede chi ui” e não sei o que Maísa. A mana me ensina como falar “Eu te amo” naquela língua, inglês: “Ai love iu”. Não sei como se escreve, mas é parecido com isso aí.
A mana não pode ver um comercial que quer comprar. É de tudo, principalmente roupas. Às vezes ela fica tão estranha com aquelas roupas, mas diz: “É a última moda!” Falando nisso, eu gostaria mesmo é de morar em uma daquelas casas da “Novela das Oito” ou dos “filmes da TV”. São grandes, as pessoas chegam em casa despreocupados, tomam drinks, comem o que querem e compram as mais malucas e geniais coisas. Papai disse que isso é privilégio dos ricos. Eles têm esse direito. Eles trabalharam e estudaram.
Sabe, a minha prima foi para os Estados Unidos, a mãe dela ganha um dinheirão. E ela não estudou e disse que ficou rica. Mamãe disse que ela trabalha muito sendo “empregada doméstica” e que não está feliz, não! Mas a minha prima não reclamou nada, ganhou toda a coleção da “Barbie”. Deve ser um “barato”.
Meu pai disse que os Estados Unidos são nossos amigos, eles ajudam ao Brasil. Isso com empréstimos de dinheiro. Não sei por que então o Roberto, o nosso vizinho, odeia os Estados Unidos. Chama-o de explorador. Não compreendo mesmo, se até na televisão, em jornais e em filmes são sempre o herói. O seu Roberto deveria ser preso, é o que diz papai. Ele é inimigo da Paz Social e Anarquista. Fala mal dos Meios de Comunicação, dizendo que está nas mãos do governo e que estes controlam o povo. Papai diz:
– Que besteira!

(Trabalho feito por Cláudia Elisabeth Ramos
durante o Curso de Jornalismo onde foi analisado 
o livro “Comunicação e Poder” de Pedrinho Guareschi 
– na cadeira Sistemas Internacionais 
de Comunicação, prof. Roberto Ramos.)





sexta-feira, 29 de junho de 2018

Samurai





Desenho feito por Cláudia Elisabeth Ramos, 
copiando um desenho anime da internet no paint.


terça-feira, 26 de junho de 2018

Poesia





Soneto do Vazio

Coisas vazias,
Ocas e para preencher
Nada cabia
Só proceder...

Sim,proceder...
Atitudes enchem vazios
Consolam a alma
E corações vadios.

Agir faz a mente ocupada,
Tudo fica perfeito,
Parado nada se conta,
Só o sujeito.

Trato feito estranho
De maneira própria sua
De coisas que ganho

Andando pela rua
Preenchendo espaços
Vistos na Lua.

Cláudia Elisabeth Ramos





segunda-feira, 25 de junho de 2018

Coisas Fora do Meu Controle

Organize-se, assim o seu racional vai tomar conta do irracional. Um pouco de dicas da psicanálise:

Se há: 
decisões dos outros,
erros dos outros,
ação do outros,
palavras dos outros,
sentimento dos outros...

Assuma o controle:
Suas decisões,
seus erros
suas ações,
suas palavras
seus sentimentos...

Ame-se







sexta-feira, 15 de junho de 2018

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Poesia









Amor...

Sinto no meu coração
Um aperto forte
Lanço suspiro real
talvez seja a morte
Isso é fatal
Mais que uma dor
Fragmentos de vida
Só amor

(Cláudia Elisabeth Ramos)


Dicas Caninas


Você Sabia?


Minha mãe Tania Ines Volpatto Ramos, o cão Twiste e o gato Tiarles. 
/ Foto de Cláudia Elisabeth Ramos


É possível, sim, que animais de espécies 
diferentes convivam em harmonia. 

Se quer que seu bichinho de estimação conviva com outras espécimes, se ele for ainda filhote será mais fácil. Já mais velhos, é mais difícil, mas não impossível. Apresente  com calma, paciência e
segurança,pensando e protegendo a todos. Vá devagar e saliente que gosta de todos. Não tenha pressa para deixá-los juntos. O início do treinamento deve ser com os pets separados e, aos poucos, 
eles devem ser colocados juntos, para se conhecerem. Nos primeiros dias, introduza-os à presença do outro com certa distância, utilizando uma guia. Gradualmente, faça a aproximação. Dê petiscos para que seu pet sempre associe a presença do outro a coisas boas. Acaricie a ambos em igual, para não haver ciúme. Assim, poderão viver juntos: cães, gatos, papagaio, periquito, tartaruga, coelho, hamster, iguana ou qualquer animal que queira.



Thor e Justin, muito companheiros./ Foto de Cláudia Elisabeth Ramos.



quarta-feira, 16 de maio de 2018

O Resgate (crônica)




O Resgate


              Olhava firmemente o espelho. Olhava sua imagem? A si mesmo? Ou a moldura? Quem sabe? Estava ali estagnado sem mover os olhos, estes brilhantes. Os olhos pareciam lançar algum sentimento profundo. Sentimento? Era forte e destruidor... Era amor.
     – Vá pro quarto e pare com isso – disse uma voz do outro lado da porta.
                E ele retirou-se obedientemente. Deitou-se na cama. Mergulhou de ponta em seus sonhos... Nossa, foi tão de repente que essa ponta quase quebrou. Quase quebrou seus sonhos e ideais. Iria destruir seus jogos de poder. Mas, ainda bem, foi quase. E no sonho, misturou-se em uma aventura, donde seu dever era resgatar o seu coração de ouro roubado por um homem atrevido e danado. Ele tinha a mania de flechar o coração dos outros, em seguida arrebentar a cordinha da razão e fugir com o coração dos outros. Levava-os a um local desconhecido.
                Na missão, sabia que todos que foram atrás dos corações roubados nunca mais voltaram a ser como antes. Tinha medo. Era loucura seguir corações. Mas ergueu a cabeça e foi, Enfrentou tormentas, lutou contra dragões, exércitos desconhecidos, barreiras, até encontrar aquele homem. Empunhando uma espada tirada da alma, encurralou-o em um canto e obrigou-o a dizer onde estava seu coração. Ele disse que tinha dado ele a quem merecia. E ele perguntou onde estava esse que se apoderou de seu coração. O ladrão disse e ele foi.
                Achou a pessoa vagando no nada. Ela era bela e muito parecida com si mesmo. Exigiu o coração e quando esse retirou a corrente com o coração para devolvê-lo a ele, o coração caiu no chão. Ao cair, o coração de ouro quebrou-se em mil pedaços.
                E ele quase morreu em desespero. Que regate foi aquele? Nada foi resgatado. Perdeu seu coração para sempre, destroçado diante a imensa dor do desprezo, da saudade, da desilusão.
                E ele acordou... E agora? Chorou... chorou... na cama deitado... Lembrou-se do espelho. Ainda havia ele. Levantou-se e voltou até ele. E voltou a olhá-lo firmemente com amor.




quinta-feira, 26 de abril de 2018

Poesia




Amor entre inimigos

                                  Diante minha frente
                                  De joelhos ele ficou
                                  Não queria ser coerente
                                  E com ódio gritou:


                                                      - “Oh, morte!
                                                      Oh, dor!
                                                      Por que não tive sorte
                                                      E não tive teu amor?


                                  Meus olhos choram por ti,
                                  Mas és tão fria.
                                  Eu devia saber o erro que cometi.;
                                  Enquanto te amava, tu rias.


                                                     Sei que tu não sabias.
                                                     Agora sabes muito bem.
                                                     Sou um inimigo que te queria,
                                                     Mas sabia que não devia também.


                                  Tu, uma guerreira
                                  Forte como sua espada de aço
                                  Derrubava minhas tropas em derradeira
                                  E lançava-se diante delas como um laço.


                                                       Diante deste espaço
                                                       Te vejo como luz.
                                                       Sei que serei despedaçado
                                                       Por este caminho que conduz.


                                  Minhas tropas
                                  Nunca souberam
                                  Só pensaram em batalhas
                                  Inimiga, assim te couberam.


                                                      Oh, morte!
                                                      Oh, dor!
                                                      Por que não fui forte
                                                      E sonhei com teu calor?”


                                  Nele, os olhos ficaram encharcados.
                                  Eu não sabia o que dizer.
                                  Todos ficaram calados
                                  Esperando ordená-lo para morrer


                                                      Queria chorar,
                                                      Mas eu tinha meu orgulho.
                                                      Tinha fama de ser brava
                                                      E não permitia embrulhos.


                                  Gritei com astúcia,
                                  Mesmo me auto-renegando:
                                  - “Matem-no, dele provém calúnias.
                                  Tirem a sua cabeça, cortando!”


                                                      Levaram-no ao arrasto,
                                                       Ele gritava com dor
                                                       Iria ao carrasco
                                                       E seria morto por seu próprio amor.


                                  Ele dizia tristemente
                                  E em lágrimas a lançar;
                                  Não queria acreditar na mente
                                  E descobrir o que for amar:


                                                      - “Oh, morte!
                                                      Oh, dor!
                                                      Por que arranjei um inimigo
                                                      Como meu amor?”


                                  Segundos depois,
                                  Um grito agonizante.
                                  Acabara de morrer
                                  Meu inimigo amante.


                                                      Isolei-me então
                                                      Queria pensar.
                                                      Odiava-me e dizia: “Não, como pode matar
                                                      A quem veio te amar?”


                                  Então acusei-me
                                  E pensei na minha história
                                  Gostava tanto dele
                                  Que havia perdido a memória


                                                      Desde o primeiro momento
                                                      Ele brilhou para mim.
                                                      Meu coração entrou em movimento
                                                      E me fez feliz assim.


                                  O achava tão forte
                                  Tinha punhos como sua espada de aço
                                  Era o mais belo do norte
                                  E dava noz nos meus laços.


                                                      Incrível, o amei
                                                      Mesmo assim deixei se ajoelhar
                                                      E também o matei
                                                      Por me amar.


                                  Oh, morte!
                                  Oh, dor!
                                  Por que não tive sorte
                                  E não soube de teu amor?

                                                     Odeio a mim mesma
                                                      De guerreira brava
                                                      Passei a ser uma lesma
                                                      Porque matei quem amava.


                                  Oh, morte!
                                  Oh, dor!
                                  Por que não vivemos no norte
                                  Unindo nosso amor?


                                                      Agora, o que me resta?
                                                      Uma espada de aço
                                                      Uma batalha como esta
                                                       E a tua ausência sem seu abraço


                                  Não passei vergonha diante dos meus
                                  Mas amei o inimigo meu
                                  Odiei o meu eu
                                  E perdi o amor meu


                                                      Oh, morte!
                                                      Oh, dor!
                                                      Quero ir contigo
                                                      E ter teu amor!


                                  Quero morrer
                                  Matei meu amor
                                  Sozinha, estarei com ele
                                  Juntos somando nosso valor.


                                                       Agora, com a espada na mão
                                                       Enfiarei em minhas entranhas.
                                                       Não sofrerá meu coração
                                                       E não serei mais estranha


                                  Oh, morte!
                                  Oh, dor!
                                  Nestes dois inimigos
                                  Agora só existe amor.


                                                                                (Cláudia Elisabeth Ramos)






domingo, 22 de abril de 2018

Conto


Tina e Yang juntas dormindo em meu sofá.

 Miados da Vida

            Quero contar aqui a história verdadeira de duas de minhas gatas. Começarei pela Yang. Meus pais compraram um casal de gatos Himalaia, e deram o nome de Ying e Yang. Porque eles gostavam de dormir agrupados, um com a cabecinha no traseiro do outro, lembrando muito o símbolo Ying e Yang. O nome Ying foi dado para a fêmea e Yang, para o macho. Com o passar do tempo, descobriu-se que o macho não era macho. Yang também era uma gatinha. Yang sempre foi xucra e recatada, enquanto que a Ying era mansa e exibida. Acabou a Ying sendo roubada e nós ficamos apenas com a Yang.
             Bom, Yang cresceu e virou uma linda gata. Nós tínhamos outro gato macho siamês, ao qual se chamava Grafite. Como era de esperar, Grafite e Yang se apaixonaram e tiveram um amor intenso. O que resultou em uma gravidez. Quando Yang estava grávida, caiu da cadeira onde dormia, o que acarretou o início do trabalho de parto. Sofreu por 24 horas, ganhando seis bebês que nasceram mortos. Só então levamos ao hospital veterinário, onde ela ganhou mais dois, que sobreviveram. Contudo ela acabou sendo castrada, por ter risco de morte se ela tivesse outra gravidez.
             Como uma mãe carinhosa, Yang cuidava de seus dois bebês com muito zelo. Todavia, mais uma tragédia aconteceu na vida da gatinha. A nossa cadela pastor alemã Sacha entrou em casa e matou um dos gatinhos. Sobrou apenas um. Esse levou o nome de Pluft, por que era branco como um fantasma (o fantasminha, lembram?).
             Enquanto Yang cuidava de Pluft, o Grafite saía pela vizinhança a ter outros casos amorosos extras-conjugais. E conheceu a gata preta vira-lata Caca, da vizinha. E Caca teve cinco gatinhos, mestiços a siamês. Eles eram estranhos, pois tinham característica de siamês ao mesmo tempo não. Eram de um cinza mais escuro, como “cor de burro quando foge”. O Grafite volta e meia ia visitar Caca e era muito amoroso com ela. Caca algumas vezes esteve no meu pátio e encontrou a Yang e as duas brigaram feio.
             Quando os gatinhos já estavam em tamanho para a adoção, eu quis adotar uma gatinha filha da Caca. Ela era a mais linda da ninhada e eu a levei pra viver lá em casa, com a Yang, Pluft e o pai Grafite. Essa gatinha eu dei o nome de Tina. Logo que a Yang encontrou a Tina, foi uma rejeição total, ela a detestava. Já Grafite era um pai aparentemente carinhoso, e Pluft a adorou. Os dois brincavam sempre juntos.
             Tina e Pluft cresceram e viraram namorados. Tina foi mudando de cor e ficou preta como a mãe e angorá. Yang agia como se soubesse que ela era filha da amante de seu marido, e elas estavam sempre brigando. Mesmo depois que Tina teve filhotes filhos de Pluft, ainda com mais características de siamês, Yang não a aceitava. E... engraçado... o Grafite nunca quis nada com a Tina, como se soubesse que ela era sua filha.
              Com o passar do tempo, Grafite desapareceu. Não se sabe se foi embora, se foi adotado por outra família, ou se morreu por aí. E Pluft foi envenenado e morreu no hospital veterinário.
             A Yang morreu de velha em 2006 e a Tina morreu na madrugada de 21 de abril de 2018, também de velha. A velha Yang, com mais de 10 anos, amoleceu o coração e acabou aceitando a Tina. Elas passaram a adormir juntas (uma enrolada a outra) e repartirem a comida. Às vezes a Tina chegava carente e encostava a cabeça na Yang. E a Yang começava então a lambê-la, lavando o rosto da Tina a moda gatos. E era tão carinhoso e lindo o momento... Entre madrasta e enteada passou a existir apenas amor. Ah... Elas eram lindas.

(Cláudia Elisabeth Ramos - estou republicando esse texto 
em homenagem a Tina, que morreu nessa madrugada. Estou muito triste por isso.)

Esse gatinho é muito parecido com a Tina. 
Não tenho foto dele sozinha.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Crônica





Uma Conversa no Cemitério


Vocês podem perguntar para mim o que faz um menino como eu, de 11 anos, sentado em cima de um túmulo assistindo a um enterro. Eu poderia até explicar, mas antes vou contar uma história.
Acho que vocês não conheceram a Dedé que estava comigo na 5ª série. Ela tinha a minha idade. A mãe dela é aquela senhora chata que rouba as bolas que caem no pátio da casa dela, quando jogamos futebol no meio da rua. Por causa dela, a turma perdeu três bolas e não podemos mais jogar. A Dedé andava no colégio de nariz empinado dizendo:
                – Agora eu tenho três bolas.
                Ela era cheia, mas era bonita e sempre que podia me ajudava na Matemática.  Pra vê, como dizia a mãe, é coisa do destino. Ela jogava bola com o Zé e a Nana, nossos vizinhos, quando a bola voou longe e foi pro meio da rua. A Nana disse que nem tinha olhado direito onde tinha caído a bola e a Dedé já estava correndo atrás. A coisa foi tão de repente que ninguém sabe de onde surgiu o caminhão. E acabou assim, eu assistindo a um enterro. Pelo menos a Dedé foi direto pro céu, nem se encontrou comigo.
                Durante essa história toda me lembrei do Pedrinho. Eu não o conheci direito. Ele era um pirralhinho da primeira série. Mas era brabo. Sempre que eu ia ao armazém e passava pela frente da casa dele, me sentava uma pedrada. Às vezes nós fazíamos as pazes e jogávamos “bafo”. Ele ficava furioso, porque sempre eu ganhava dele. Chorava como um louco e eu tinha que devolver todas as figurinhas dele. Assim eu não mais procurei ele e nem quis mais o conhecer. Um dia eu soube que ele correu empurrando a gurizada no meio da rua e neste jogo de empurra-empurra foi atropelado. Ele eu encontrei aqui. Disse que não quer ir pro céu agora.
                Acho que agora vocês querem saber da minha história. Bem, foi assim: Eu sempre fui uma criança “maravilhosa”. O quê? Acham que estou exagerando? Até pode ser... Mas minha mãe sempre me chamou de anjinho. Bom, nós íamos viajar, íamos para a praia. Eu enlouqueci de felicidade. Havia passado o inverno todo sonhando com a praia. A mãe queria ir conversando com a tia Adelaide. E a mana não se importava com nada. Eu queria ir na frente, no carro, ao lado do pai, para fingir que estava dirigindo. Insisti tanto que a mãe deixou eu ir na frente, mesmo sendo proibido. Então ficamos assim, eu e o pai na frente, a mãe, a mana e a tia Adelaide atrás. Meu pai nunca gostou de colocar cinto de segurança com medo de ficar preso dentro do carro. Íamos com ele apenas sobre nossos ombros, fingindo que usávamos, mas sem estar.
                Teve uma parte da viagem que íamos passar na frente da Polícia Rodoviária. Paramos e eu fui pra trás e a mãe pra frente e todos colocaram os cintos de segurança. Mal passamos e paramos novamente e voltamos como estávamos antes.
                Na estrada o carro voava. E eu já me imaginava o “Nelson Piquet”. Puxa, aquela estrada e a expectativa de chegar à praia fazia meu coração bater mais acelerado. Minha mãe abriu umas nove cervejas e foi tomando junto com o pai e a tia. Eu estava louco para crescer e poder tomar cerveja, mas ganhei uma latinha de refrigerante.
                Foi numa curva que aconteceu, O carro levantou voo e saiu da estrada. Só senti um rodopio em minha cabeça, uma gritaria soou e depois ficou tudo escuro.  Parece que a única que sobreviveu foi a tia Adelaide, mas ficou aleijada das pernas. Não pode andar.
                Pessoal, olhe quem está chegando. É o Pedrinho.
                – Como vai Pedrinho?
– Bem . Ei, quem é você?
– Meu amigo. – expliquei. – Gostou da história?
– Pela cara dele, não – disse Pedrinho. – Claro que não. Pelo menos eu acho que eles deviam prestar mais atenção no que fazem para não acabarem como nós.
– Não acredito, Pedrinho, você está pensando como gente grande.
Pedrinho sorriu e confirmou:
– Tem razão.
Para terminar, pessoal, quero que prestem atenção uma coisa: “Tomem cuidado ao andar na rua, não corram atrás de bolas, não fiquem fazendo jogos de empurra-empurra no meio da rua, lugar de criança é no banco de trás, usem cinto de segurança e motoristas não bebam quando forem dirigir. O carro foi feito para nos levar de um lugar a outro e não o tornem numa arma. E adultos, parem de ser maus exemplos às crianças.”
Senão pensarem nisso, acabarão como nós: fantasmas.

(crônica sobre Trânsito escrita por Claudia Elisabeth Ramos em 1987.)




sexta-feira, 13 de abril de 2018

Dicas Caninas


Você Sabia?

O nariz de cada cachorro é único, assim como 
nossa impressão digital.

Cláudia e Justin (Lulu da Pomerânia)

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Poesia





Soneto ao ver

Estou aqui parada
Vendo o sol raiar
E também observando
O mundo girar

Estou pensando no nada,
vendo a vida passar.
E também
tudo terminar

Estou sentada na escada
vendo uma pessoa chorar
E ouvido 
Um surdo tocar.

Neste instante curto a vida
A ver o meu próprio andar
E parar o mundo

Logo depois vou partir
Cansada de caminhar
e de sonhar com tudo.

(Cláudia Elisabeth Ramos 20/02/1988)



Dicas Caninas

Você sabia?

A temperatura canina gira em torno de 38º C.


Esse é o Thor, da raça Border Collie..

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Crônica





O voo de Teresa

         Teresa olhava a cidade do alto. As pessoas, como formigas, iam e vinham, a pé ou motorizadas. Vazia, nada tinha sentido a Teresa. O tudo virara nada na confusão íntima de suas memórias.
         Trajeto infame fora descrito pelo destino de Teresa. Em uma família de muitos filhos, de muitos pais, só restava-lhe a mãe, de que nada adiantou, soltando-a no mundo à procura de míseros trocados. A fome era apenas um pouco do sofrimento, comparado ao fato de viver ente a violência da periferia social. Roubos, assassinatos, estupros, preenchiam seus dias como se nada fossem.
         A prostituição veio-lhe como saída. O dinheiro para saciar a fome vinha fácil e era mais simples que roubar, não desafiaria tanto a polícia em seu cotidiano. Porém aquilo a degradava cade vez mais, ninguém mais a olhava com boas intensões, e seu corpo passava a manifestar vários tipos de doenças, da maioria das vezes venéreas. Gravidez indesejada vinham volta e meia e muitos os fetos abortados da forma mais violenta existente.
         As drogas aliviavam as dores do corpo e da alma. Do álcool e fumo, a maconha e o craque. Sem temer a ninguém , deixava a vida solta feito um papel de lixo correndo em um riacho poluído. A AIDS adquirira de algum dos modos prováveis para a transmissão; afinal, fazia parte do grupo de risco e nenhuma precaução tomava  para evitar, até mesmo por ignorância. A princípio invisível, passou dela a muitos. Na inocência e na culpa. Como iria viver se parasse? As dores vinham sagazes e destruíam por dentro. Quando soube, não se importou. Atirou-se mais na vida  e tentou evitar o contágio a outros com camisinhas. Mas muitos clientes não queiram usá-la, pelo desconforto. Se cliente exige, o que se pode fazer? A culpa é dele.
         E agora, convidada pela formosura restante de sua beleza infanto-juvenil, jovem como era. Fora levada a um apartamento no 13 º andar, de um pobre filho de milionário, também drogado. Olhava da sacada do edifício melancólica. Jogar-se... o desejo de acabar com as dores da alma assolava Teresa. Com a consciência assombrando-a perante crimes que cometera, nada tinha razão de ser. A morte! Queria a morte. Subiu ao parapeito com o coração dilacerado.
         Seu reflexo côncavo na vida social, o pobre milionário rico, olhou-a em transe da droga a pouco injetada, compartilhada na mesma seringa por Teresa, num sorriso débil , perguntou:
         - Quer voar?
         - Quero! - respondeu ela.
         Ele chegou bem próximo, puxou-a, acariciando seus lindos seios e lh dando um beijo nos lábio, como num adeus. Depois sorrindo declarou:
         - Voe! 
       E teresa voou para a eternidade. Sua alma coberta de feridas acordou, esperando que os anjos pudessem aliviar sua dor.
         - Voe anjo! - disse o rapaz.

(Crônica de Cláudia Elisabeth Ramos)







quarta-feira, 7 de março de 2018

Flor Estrelícia






Essa foto foi tirada por Cláudia Elisabeth Ramos 
na Praia de Tramandaí, de um flor Estrelícia.


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Clamor




Amar que te quero amar
Chorar, porque vou chorar
Calar, nunca mais falar
Lembrar, nunca mais levar

Só ter a figura do ser

Querer, mas não poder ter
Gemer, a se contorcer
Perder, e só esquecer

Sorrir, para que sorrir

Mentir, para não reagir
Não vir para te pedir
Cair para não partir

Horror, o pior horror

A dor a caminho do amor
Cor, sangue sem cor
Clamor, apenas clamor

Amar, só ter, sorrir, horror,

Chorar, querer mentir a dor
Calar, gemer não vir, cor
Lembrar, perder, cair, clamor do amor.


Cláudia Elisabeth Ramos