terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Poesia




Caindo No Abismo de Mim Mesma

Cair sem parar E sentir a escuridão, Não mais esperar O que manda o coração. Pisar no chão do nada, Lutar com meu espírito, Iludir-se em ficar calada. Perto do que evito. Obscuro muro, Que rebate à mim sua luz. Contraste de caminho puro, Vai-te voz que me seduz. Crosta grossa, Filho das pedras rochosas, Tende em mim sua graça De um espelho, das amorosas. Sentir cair o manto escuro De uma música, o lugar... Pedir, procurar... Óh! Sussurro... Dos bons gênios a me ajudar. Selvagem luta eufórica De um remoto de voz mansa Caçar as coisas de forma heróica no ego obscuro da esperança. Tempo, o templo do meu eu... Cálice da luz que esparrama. O candelabro que ilumina meu eu quebrou quando procura quem ama. Sal. doce azedo perverso de que sentimento me proporciona? Sotaque suave expresso Nas palavras reais que me posiciona. Salamandras de cristais, bonecos, Cabisbaixos, moribundos, só mudos, Dão silêncio aos barulhos do eco Do tempo, em pó em canudos. Ursos de olhos profundos, De canela de barros, só árduo, Marcos de ruínas, peludos, Ao vento, fogo fátuo. Voar, perfume da luz escura do rosa Cortinas de paredes em fiapos abatida, Do pó das palavras, da prosa, Do corpo coberto de feridas. Caindo no abismo do meu ego, O obscuro é severo e torto, Das maranhadas do passado que pago Na luz da mim mesmo, morto.

(Cláudia Elisabeth Ramos - Sexta-feira, 13 de fevereiro de 1987- Lua Cheia)