Soaram as horas
Silêncio profundo
Procuro onde moras
Nos confins do mundo
Ditas as nuvens
Saem do tempo
Choro porque não vens
Neste momento
A cidade está escura
Vejo um homem de preto
Ele me pergunta: - O que procuras?
Diga-me, não tenhas medo.
Senti-me acuada
Pensei se devia dizer
Fiquei por momentos calada
Com pouco tempo para viver
Sorte de jogo duro
Vem da verdade que me constrói
Se lhe disser esbarro num muro
Além do mar me destrói
Mas venço estas muralhas
E digo com vigor
“Procuro o rei de minhas batalhas,
Dono do meu amor!”
Tardiamente um vento empurra-o longe
Sinto minha alma forte
Há um vulto de um monge
Não tenho medo da morte
Calma e sombria
Olho nos seus olhos ardentes
Um sorriso largo feliz
Serrando os meus dentes
Achei você, mas está tão distante
Quero lhe alcançar logo e, mesmo assim,
Tenho medo de seguir adiante
Paro, penso e espero enfim
Dias a te procurar
Tenho força e medo do amor
Caio a te curar
Não és minha dor
Descobri que és o nada
Meu sorriso vira ódio e digo:
“Não preciso ser amada,
Tenho uma força comigo!”
O monge achou estranho,
Senti que estremeceu,
Diminuiu de tamanho
Percebeu que não venceu.
Acuado lembrou-se
Sabia por que não queria amar
Gritou que ecoou:
“Não tenhas medo do que vai dar!”
Mas eu senti a luz
Respondi com confiança:
“Não quero sofrer novamente
Nesta vida sem esperança.
Calei-me e corri
Tinha muito em minha mente
Tinha que levantar
A minha alma clemente.
Um espírito de luta
Iluminou-me por instantes
Havia uma palavra oculta
Que me protegia bem antes
Esta palavra na noite
Dominou-me numa tremenda angústia
Era como um açoite
Nesta neblina, lamúria
Silencioso tempo mau
Que me destrói por dentro
É como um buraco
No meu peito, no centro
Parei, pensei, chorei...
“Estou confusa, que desespero!”
Gritei, magoei e ocultei
Esse meu medo.
Não quero encontrar ninguém
Nem mais falar em amor
Só pensar na minha vida no bem
E esquecer a dor.
Sinto fantasmas me seguindo
Gritos que somente eu escuto
No vento que vem vindo
No ser o que não mais procuro
Sou forte
Estou de bem com a vida
Esqueço a morte
E tudo que esta convida
Procuro que as horas
Corram com rapidez e beleza
Mas depressa do que mim mesma
Com graça e leveza
Não quero mais ouvir ofensas
Nem mais ameaças
Agora é meu suspiro: venças
Com toda tua graça
Não quero música triste
Nem mais ver ninguém lamentando
Estou cansada, chorei de mais
Agora estou cantando
Vejo a aurora chegar
Largo um suspiro longo
Graças a Deus, esqueci de amar
Neste mundo redondo
Agora é minha vez
Deixo tudo pra trás
Tenho comigo Deus
E encontrei a paz.
Cláudia Elisabeth Ramos